Dormir para descansar ou para ser produtiva: O que é o MORNING SHED?
- Ana Paula
- 21 de abr.
- 2 min de leitura

Dormir pra descansar ou pra performar beleza?
Dormir virou um evento. Não mais aquele momento de fechar os olhos e simplesmente se desligar do mundo. Agora, é preciso se preparar pra dormir como quem se prepara pra um show. Tem que passar três tipos de creme, colar adesivo na boca pra "respirar certo", enrolar a cabeça numa faixa anti-rugas, vestir a touca de cetim, aplicar óleo na sobrancelha, e por aí vai. Uma verdadeira montagem da beleza do sono. OU MORNING SHED.
A promessa? Acordar linda, plena, descansada e pronta pro close.
A realidade?
Um corpo que não relaxa. Uma mente que continua funcionando como se tivesse que cumprir mais uma tarefa da lista: “ter um bom sono produtivo”.
E olha, não tô dizendo que cuidados práticos não são válidos. As tranças ou as escovas progressivas que facilitam o dia a dia, os cílios que evitam tempo com maquiagem, as unhas que poupam as idas semanais ao salão — tudo isso pode sim ser uma forma de autocuidado, desde que não seja uma prisão.
A questão aqui é : por que até na hora de dormir a gente não pode simplesmente... descansar?
Por que o nosso corpo precisa estar o tempo todo a serviço de um ideal de beleza, até mesmo quando ele está deitado, no escuro, entre cobertas?
Quando até o sono vira palco da performance, o que sobra de espaço pra ser só humano? Só cansaço? Só vulnerabilidade?
O que era pra ser um momento de prazer, de conforto, de entrega, virou mais um ponto de pressão estética. Dormir já não é mais um alívio. É uma etapa estratégica pra “acordar melhor”.
O descanso virou um investimento — e isso é, no mínimo, triste.
A gente precisa repensar essa lógica. Resgatar o valor do descanso pelo descanso. Do sono como direito e não como estratégia de beleza. Porque se até na hora de dormir o corpo não pode simplesmente ser corpo... então onde é que ele pode?

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